Dicas
Como aumentar a fertilidade do rebanho: o primeiro passo
Autor: Marlise Germer
Em qualquer criação, a reprodução é peça fundamental para o sucesso ou fracasso. É com a reprodução que começamos o ciclo produtivo do rebanho e de onde vão sair os resultados: produção de leite, de cordeiros, de cabritos…
E coisas simples são fundamentais para o sucesso da atividade.
Não vamos pensar em inseminação artificial, sincronização de cio, flushing ou outra técnica qualquer. Vamos pensar no básico, para iniciar? Depois que o básico está feito, aí sim as outras técnicas dão resultado.
FERTILIDADE – palavra que todo produtor gosta e quer ver resultado. Mas como alcançar o máximo?
O máximo que vamos alcançar de fertilidade num rebanho é 100%: se eu tenho 50 cabras ou ovelhas, e colocar elas em cobrição, e TODAS ficarem prenhes, terei 100% de fertilidade. A cada uma que falhar, não emprenhar, a taxa diminui. E o que queremos? Uma taxa mais próxima do 100% possível…
Antes de pensar em técnicas avançadas, voltemos para o básico. Aquela ovelha ou cabra que não pariu no último ano, onde está?
Se a resposta foi “não existe mais”, parabéns! Agora, se a resposta foi “continua ali no rebanho”, sinto informar que existe resposta MELHOR!
Uma fêmea que não emprenha nas mesmas condições em que a grande maioria está prenhe (ou seja, a maioria teve as mesmas chances e emprenhou), só nos mostra uma coisa: tem alguma coisa “diferente” com ela.
Uma das opções é ela ter baixa fertilidade: necessita de mais cobrições do macho para emprenhar. E essa característica, de baixa fertilidade, é herdável, ou seja, passa para as crias.
O que é diferente de INFERTILIDADE, onde a ovelha ou a cabra não tem condições de emprenhar. Essa é a mais fácil de identificar e mais fácil de refugar. O problema são as que tem subfertilidade (ou baixa fertilidade), que um ano produz uma cria, no outro não, e vai ficando no rebanho e “multiplicando” animais com subfertilidade.
A primeira atitude a tomar é refugar esses animais. Não deu cria? Refuga e coloca uma fêmea jovem, filha de uma ovelha ou cabra com boa fertilidade, no lugar. Só essa simples atitude vai aumentar a taxa de fertilidade do rebanho. E com o tempo, refugando animais subférteis, a taxa de fertilidade do rebanho se manterá alta…
Já cheguei num rebanho onde, historicamente, 30% das ovelhas não pariam. Mas elas continuavam lá, ninguém identificava e no próximo ano, se não fossem refugadas por velha, entravam de novo no lote de cobrição. E novamente, cerca de 30% das ovelhas não emprenhavam.
Basta uma conta muito simples para entender o tamanho do prejuízo:
- se eu tenho 100 ovelhas, e 30 delas não produzem, terei 70 cordeiros (pensando baixo, para facilitar a conta).
Não era mais fácil eu ter só 75 ovelhas para produzir os mesmos 70 cordeiros? (considerei uma fertilidade de pouco mais de 90%).
Menos gastos, menos comida e melhor resultado. Depois vamos aumentar ainda mais o número de crias aumentando a prolificidade, mas daremos um passo de cada vez…
Se eu refugar as falhadas, que não produziram crias, ficarei nesse ano com o rebanho menor sim, mas a previsão é que a produção seja a mesma… e sempre posso colocar no lugar (substituir) por filhas de reprodutoras com alta fertilidade.
E assim vou fazendo, ano a ano, sempre ficando com animais mais férteis (e, principalmente, multiplicando essa genética de alta fertilidade) e eliminando do rebanho as menos férteis…
Viu como uma atitude simples, que não requer investimento de dinheiro (apenas de tempo e vontade, para identificar as que não produziram crias), pode começar a mudar os resultados?
Se eu fizer sempre a mesma coisa, como posso esperar um resultado diferente?
Bom, agora que o básico já está feito, podemos começar a pensar adiante e melhorar ainda mais os resultados: em dinheiro, em eficiência, em ver a atividade progredir…
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Publicado em
04/05/2022
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